Recrutamento e experiências

Um breve conto sobre minha experiência profissional, um pedido aos queridos recrutadores e umas breves dicas para você melhorar sua apresentação na hora de procurar uma vaga

Julio Lozovei
7 min readJan 6, 2019
8Photo by ål nik on Unsplash

A busca pela pessoa certa que irá preencher uma vaga dentro de uma organização nunca é fácil — alinhar a cultura da empresa com o colaborador, as expectativas pessoais e as expectativas corporativas, o cumprimento de metas e objetivos… Vários podem ser os motivos em que a contratação se mostrará um sucesso, ou um fracasso; mas apenas um fator fará com que esses motivos possam ser visíveis — o tempo.

Em qualquer ramo de trabalho vão existir profissionais com diversas características, preferências e níveis de conhecimento — seja em tecnologia, gestão de pessoas, medicina, arquitetura… Mas, especialmente em tecnologia, é um tanto quanto difícil encontrar uma pessoa que seja tanto um fit cultural quanto um fit técnico.

Minha experiência

Meu primeiro trabalho registrado — ainda como estagiário — foi em 2015. Embora minha experiência profissional seja relativamente curta (em quantidade de anos), já passei por vários processos seletivos e tive contato com diversos recrutadores e tech leads dentro de algumas empresas do cenário nacional. A maior parte desses contatos foram através do LinkedIn.

O meu primeiro trabalho foi em uma empresa de desenvolvimento de software e aplicativos móveis em Curitiba; fiquei lá entre Setembro de 2015 até Dezembro de 2017. Durante esses 2 anos, passei cerca de 9 meses como estagiário e, além de realizar minhas atividades como desenvolvedor front-end, também ajudava nos processos seletivos — principalmente os que estavam relacionados com desenvolvimento web.

Era engraçado eu, estagiário, entrevistando outros candidatos para as vagas de estágio.

Mesmo não sendo da área de recursos humanos, me virava bem garimpando os currículos que chegavam no email da empresa, criando perfis entre os candidatos e buscando mais informações sobre eles nas redes sociais. Participei desde as entrevistas dos candidatos aos testes e avaliações sobre o desempenho de cada um durante os processos seletivos. Sou formado em Gestão de Tecnologia da Informação, mas quando vi que iria ter participação nessas atividades da empresa, busquei algumas informações básicas de como me portar corretamente na condição de recrutador e como avaliar corretamente cada indivíduo.

Apenas para resumir, de todos os candidatos que passaram pela minha mão, contratei cerca de 4 ou 5 novos profissionais. Desses, 2 acabaram não vingando e saíram da empresa antes do contrato de estágio terminar; os outros cumpriram seus contratos de estágio e foram promovidos. Também participei de outros processos, liderados por outros colegas, onde realizei a avaliação desses profissionais.

Em Janeiro de 2018 troquei de trabalho e fui para uma startup, também aqui de Curitiba. E, durante esse período que estou trabalhando lá, participei apenas de 1 processo seletivo, como o "cara da tecnologia" durante a entrevista — em resumo, como o candidato já estava no processo para outro time e acabou não dando certo, surgiu a oportunidade para um novo time. O perfil do candidato preenchia com louvor os requisitos da nova vaga e o processo deu super certo.

Desde que integrei o time de desenvolvedores dessa startup, meu perfil do LinkedIn deu um boost e, semanalmente, recebo o contato de vários recrutadores ofertando oportunidades de trabalho na área de desenvolvimento web.

Mesmo com tantas oportunidades no mercado, ainda continua muito difícil encontrar gente capacitada e com vontade de ir lá e fazer acontecer.

Casos e causos

O que eu tenho sentido durante os contatos através do LinkedIn é que muitos recrutadores possuem uma pressa gigante para preencher as vagas. Entendo que, em muitos casos, a posição ofertada precisa ser preenchida com certa urgência, mas paciência e boa vontade são elementos chave durante as relações entre pessoas.

Como a maioria das empresas opta por utilizar um serviço de recrutamento terceirizado, ocorre a situação de algumas informações estarem erradas durante o anúncio da vaga — e isso é constantemente visualizado. Vagas para front-end com requisitos de DBA, vagas para back-end pedindo conhecimento avançado em CSS são vistas todos os dias e sempre acabam virando meme entre a comunidade de desenvolvedores — é fácil você ver essas vagas utópicas em grupos no Facebook, Telegram, Slack e afins.

Sem contar também nas inúmeras "oportunidades relâmpago":

"Oportunidade para front-end em startup de Curitiba. Cubrimos qualquer salário"

Quase todo dia aparece uma dessa no meu inbox do LinkedIn. E, quando peço mais informações, apenas por curiosidade, não sou respondido ou os detalhes são irrelevantes.

E, nunca me esqueço do caso onde recebi uma proposta e fui chamado pelo nome de um colega de trabalho, e esse colega recebeu a mesma proposta com o meu nome.

Um pedido

Diante de todos esses casos e causos que falei aqui, queria deixar um pedido para os recrutadores relativamente simples, mas que pode fazer a diferença na hora de contratar uma pessoa:

Saiba o que você está ofertando e para quem está ofertando

Pode parecer um tanto quanto ríspido isso, até peço desculpas se isso soar grosso. Mas, é a pura verdade.

Com "saiba o que você está ofertando" quero dizer "conheça de verdade a vaga que você está ofertando". Se a vaga é para X, não coloque Y no meio. Isso só atrapalha.

Se você oferta uma vaga de analista de segurança da informação para um desenvolvedor mobile, sua taxa de conversão vai ser bem baixa ou talvez seja nula.

Cada vaga possui sua própria característica, assim como cada pessoa. Informar os detalhes sobre a vaga, as atribuições em questão, a faixa salarial média. Informações sobre a empresa também são muito importantes — nome, localização, segmento, número de funcionários, ano de fundação, se possível até nomes de key players dentro da empresa.

Eu já possuo todas as informações sobre o meu atual trabalho — para eu pensar em trocá-lo, o mínimo que eu preciso são as mesmas informações sobre o novo.

Com "saiba para quem você está ofertando" quero dizer "conheça a pessoa para quem você está ofertando". Isso implica chamar a pessoa pelo nome certo, verificar se ela realmente preenche os requisitos para a vaga em questão. Dependendo, até uma breve busca no Facebook sobre essa pessoa pode te dizer muito mais do que o perfil bonito do LinkedIn.

Algumas dicas para se destacar

Já conversei com diversas pessoas sobre como destacar seu perfil para que os recrutadores venham até você, ou sobre as melhores maneiras de como abordar alguém para se aplicar em uma vaga. E, baseado em todas essas conversas, quero deixar aqui algumas dicas bem simples de como mostrar suas qualidades para deixar o trabalho dos recrutadores até mais fácil.

1 — LinkedIn

Falei diversas vezes sobre o LinkedIn nesse texto. Se você ainda não tem um perfil lá, faça um agora (de preferência logo após ler esse texto).

O LinkedIn é uma ferramenta muito poderosa, onde você consegue centralizar todos os seus dados profissionais. Lá você pode colocar todas as suas aptidões e qualidades, descrever sem limite de caracteres as suas experências de trabalho e vida, informar os projetos que você criou ou teve participação… É realmente um excelente meio, além do seu currículo, para mostrar as suas conquistas e habilidades profissionais.

2 — Currículo

Um currículo bem feito não é aquele que possui toda sua história, mas sim todos os fatos relevantes dela. Por exemplo, se você está se aplicando para uma vaga de analista de suporte, um "estágio em panificadora" não é tão relevante para quem vai ler seu currículo.

Um currículo bem escrito deve ter suas informações pessoais básicas — nome, telefone e email de contato, endereço (não obrigatoriamente); idade é muito melhor do que data de nascimento.

Após a venda da Yahoo! para a Verizon, o currículo da Marissa Mayer ficou em evidência como um exemplo a ser seguindo. Se você não conhece, Marissa Mayer trabalhou no Google entre 1999 e 2012, foi CEO do Yahoo! entre 2012 e 2017 e atualmente trabalha na Lumi Labs, uma empresa focada em inteligência artificial e mídias de consumo.

Dá uma lida nesse texto do TecMundo para ler um pouco mais sobre a carreira da Marissa Mayer:

Marissa Mayer retoma carreira no escritório original da Google

https://www.tecmundo.com.br/mercado/129415-marissa-mayer-retoma-carreira-escritorio-original-google.htm

Jennifer Jacobson escreveu um artigo (em inglês) no seu LinkedIn falando sobre como estruturar corretamente um currículo, utilizando o currículo de Marissa Mayer como exemplo:

Marissa Mayer CV Lessons: How To Get Hired Faster — Jennifer Jacobson

https://www.linkedin.com/pulse/marissa-mayer-cv-lessons-how-get-hired-faster-jennifer-jacobson

3 — Não seja quem você não é

Mentir nunca é algo bom, ainda mais em uma entrevista de emprego. Se, durante um processo seletivo, acaba se apropriando de uma história de um colega ou que aconteceu na empresa que você trabalhava mas ela diretamente não é sua, logo você será descoberto.

Opte sempre pela honestidade e pela sinceridade — diga sim quando sim e não quando não. Seja sobre seus interesses, conhecimentos e desejos.

4 — Não tenho nenhuma experiência de trabalho ainda

Se você está buscando sua primeira oportunidade de estágio ou trabalho e não tem "nada" para colocar no seu currículo ou no seu LinkedIn, fale sobre experiências de vida que levaram você a chegar onde está — uma viagem onde um fato interessante ocorreu, algo que marcou sua vida acadêmica, um projeto voluntário que você participou.

Eu aposto que você, com certeza, tem alguma história muito interessante para contar. E grande parte dos recrutadores vão querer ouvir essa história.

Enfim, esse texto soa como um certo desabafo, e para não ficar tão maçante, deixei algumas dicas e uns links bacanas para você que quer elevar o nível do seu perfil profissional.

Obrigado por você ter lido até o final. Se você tem alguma dica, sugestão, crítica ou uma história para contar, não hesite em comentar esse texto ou entrar em contato!

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Julio Lozovei

Human, front-end developer, amateur musician, writer and speaker; problem solver. https://jlozovei.dev